sábado, 24 de setembro de 2011

Rapa Nui - Fatos e Mitos

Fato: Rapa Nui é um destino maravilhoso para se conhecer.

Fato: Cavalos - Hoje em dia a ilha possivelmente possui mais cavalos que gente. Até 1993 eram o único meio de transporte na ilha, com a chegada de Kevin Kostner e sua equipe para a filmagem de Rapa Nui (1994), houve um grande aporte de dinheiro para os moradores, que trabalharam no filme e deu-se uma onda de consumismo, e chegaram os carros. Os cavalos foram trocados e boa parte deles vive livremente pela ilha, são marcados, tem donos, mas são considerados animais selvagens. Se reproduziram de tal forma que hoje ultrapassam os 5000, e é comum ver bandos de cavalos correndo. Achei graça quando aluguei o carro e medisseram para ter cuidado com eles, mas já houve acidentes por causa de turistas desatentos que atropelaram cavalos.





Mito: Rapa Nui foi habitada por ETs. Uma boa parte da história de Rapa Nui ainda é desconhecida, isso por que a escrita dos antigos Rapa Nuis, o Rongorongo, até hoje não foi completamente decifrada, e a dúvida deixa margem pra fantasia.

Escrita Rongorongo


Fato: A ilha é cara, sim, principalmente a alimentação, mas nada que um miojo não resolva, isso não é desculpa para não conhecer. Melhor ainda se a pousada tiver cozinha, como a minha. Pra quem faz uma parada em Santiago antes, vale fazer umas comprinhas. Eu levei, biscoito, chocolate, vinho, água e sopa em pó.

Mito: O povo Rapa Nui é atrasado. Mentira, eles conseguem aliar tradição e contemporaneidade, usam casacos North Face e a Takona (pintura corporal) com a mesma desenvoltura.






Mito: A ilha é precária. É claro que é difícil as coisas chegarem lá (o que acaba encarecendo), mas a Ilha tem uma boa farmácia, agência do Santander, caixa do Banco do Chile, internet, celular, escola, hospital e todo o mais.

Mito: Todo pascuense é Rapa Nui. Não, Rapa Nui é sangue, não basta nascer na Ilha. Somente se seus antepassados tem sangue Rapa Nui, você será um. Se tiver um filho (a) com um (a) Rapa Nui, sua criança será um. Os Rapa Nui hoje representam pouco menos de metade da população da Ilha.

Fato: Ecologia - No passado a superpopulação, associada a falta de manejo do ecossistema esgotou os recursos naturais da Ilha, levando a guerra por comida. Acredita-se que as árvores da Ilha foram retiradas para a locomoção dos Moais, e por isso existe um forte trabalho de reflorestamento. As condições climáticas, principalmente o vento, são dificultadores da implementação de culturas tropicais, como o coco e a fruta-pão. Mas ainda assim passei por várias fazendas, principalmente de goiaba e abacaxi.


Fato: Doenças tropicais - O nosso velho conhecido Aedes Aegypit também passa férias por lá, tem o nome de Nao Nao Tore.
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Dia 14 - Iorana

Dia de dizer tchau. Acordei cedo e fiquei esperando clarear, levantei por volta das 9 e fui a missa, de verdade, era uma missa toda cantada em Rapa Nui, igreja lotada, provavelmente um padre de cabeça aberta, que permitiu o intercâmbio cultural e conquistou a população. Paróquia de Santa Cruz, a única da vila, com a fachada esculpida em símbolos Rapa Nui.

Saída da missa de domingo
Igreja no sábado, vazia
Depois da missa a idéia era ir no centro de artesanato, pra compensar meu ímpeto consumista, que ficou adormecido todos estes dias, queria uma flor de cabelo, e um CD. O centro estava fechado, e os artesãos irritados, pois a pessoa que tinha a chave, e era funcionária plública, não tinha aparecido ainda.  Quase uma revolução pelo poder da chave e abaixo o controle da prefeitura, rs. Ainda não tinha achado o CD, acabei achando numa lojinha quase em frente a pousada, e um DVD do grupo Matatoa, que tanto tinha gostado no show, agora todo mundo vai ter que ver. :)
Voltei pra "casa", sim, porque já me sinto em casa, pra arrumar o que faltava, estranhamente a mala fechou fácil.
Banho e nada do Álvaro, e eu nervosa pra pagar, rs.
Despedidas feitas, bora pro aeroporto que o avião " adelantó", não dá pra ficar mais um pouquinho não?

Eu e Álvaro, em frente a casa da mãe dele

Aeroporto lotado, vários rostos conhecidos, gente que veio no meu vôo e gente que conheci pela ilha, inclusive o casal peladão da praia de ontem, rs, todos com flores, conchas ou penas penduradas, no mínimo um moaizinho.




O vôo foi tranquilo, mais 5 horas sobrevoando só mar. No avião, muitos rostos já conhecidos, do meu lado um indiano falante e conversador, em consideração a ele nem comi carne no almoço, lasanha de frango (surpreendentemente gostosa). Aliás não tenho o que falar do serviço da Lan nesta rota, muito bom. Serviram vinho até as pessoas cansarem, quase deu pra esquecer o preço da passagem (1500 reais ida e volta).
Chegando em Santiago peguei o costumeiro transfer e fui para o hotel (em frente ao hostel horroroso da outra semana). Me dei de presente os últimos dias de viagem num hotel legal, pra voltar bem relaxada depois desses dias maravilhosos em Rapa Nui. Hotel Galerias  (www.hotelgalerias.cl), pelo site do booking a diária saiu a 130 dólares.
Jantei no hotel, uma massa com frutos do mar, um pouco mais pesada do que eu desejava mas muito saborosa.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia 13 - Maratona Rapa Nui


Hoje tomei a melhor decisāo da viagem, aluguei o carro que o Alvaro me ofereceu. Sabe aquela sensaçāo de fazer tudo no seu tempo, sem pressa, isso se eu nāo tivesse tanto ainda pra ver...


Fui direto pra Orongo, obrigaçāo inadiável. Já estava na metade do caminho quando lembrei que o museu só fica aberto até as 12:30. Volta tudo, rumo ao museu.
O museu é bem legal, conta um bocado da história Rapa Nui, custa 1000 pesos e só dá desconto pra quem tem a carteirinha interrnaciomal. Bem simples, com muitos painéis e poucas peças, na verdade as peças estão espalhadas pela ilha, um museu ao ar livre. Rapa Nui é como uma Disneylandia, só que de verdade, cada pedra tem um significado. É como se não existisse nenhuma coisa sem um semtido histórico na Ilha.





Os vigias do museu



Moai Kava Kava




















De lá toca pra Orongo de novo, eu e meu Ecosport.
Antes, algumas paradas importantes...

















- Ana Kai Tangata - Ana significa caverna, e esta é uma caverna pertinho de Hanga Roa que ainda preserva pinturas rupestres.



Pinturas rupestres

Vista de dentro da caverna

Subi até a cratera do Rano Kau, acho que a imagem mais impressionante que já vi na vida. A resposta àqueles todos que me perguntaram porque subir um vulcão. A cratera consiste em um espaço que deve caber uns 4 Maracanãs, e no fundo um lago de agua doce, com um desenho que lembra um mapa mundi. Hoje existe uma estrutura de canalização que capta esta água para o abastecimento de Hanga Roa.
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Rano Kau é um vulcão extinto com 324 m de altura, no sudoeste de Rapa Nui. A cratera possui 1600 metros de diâmetro e 200 metros de profundidade.
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A vila de Hanga Roa vista do alto do Rano Kau



A parte quebrada da cratera corresponde a por onde a lava foi expelida durante a erupção



Petroglifo junto ao Rano Kau
 
Final da trilha de subida do Rano Kau

Após me deliciar com a vista do Rano Kau, segui para a vila de Orongo, um pouco acima da cratera. A explicação geológica para uma cratera tão ampla é que provavelmente uma grande explosão arrancou o tampo do vulcão.


Antigas casas de Orongo

Vila cerimonial de Orongo

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Orongo é uma vila cerimonial localizada no sudoeste da Ilha de Páscoa, à margem da cratera do vulcão Rano Kau. Lá realizavam-se os primeiros rituais da corrida do ovo e do culto ao homem-pássaro.
Usualmente os arqueólogos dividiram a vila em três complexos. O primeiro abriga um pequeno sítio cerimonial (ahu) e petróglifos do deus Make-Make. O segundo possui cerca de cinqüenta estruturas retangulares e ovais construídas com basalto; de acordo os pesquisadores são casas e num desses abrigos foi encontrado o moai Hoa Hakananai'a. No terceiro complexo há oito estruturas de pedra sobre um pequeno pátio com petróglifos.
Atualmente, Orongo tem status de Patrimônio Mundial por pertencer ao Parque Nacional Rapa Nui.


Hoa Hakananai'a é um moai exposto no Museu Britânico, em Londres. Seu nome provém da língua rapanui e significa aproximadamente "amigo oculto ou roubado". Ele foi removido da vila Orongo, Ilha de Páscoa, em 7 de novembro de 1868 pela tripulação do navio inglês HMS Topaze, e aportou em Portsmouth em 25 de agosto de 1869.

Hoa Hakananai'a é um dos dezesseis moais que foram talhados no basalto, uma rocha mais rígida que o tufo geralmente usado nas outras estátuas. Esse grande exemplar de quatro toneladas e 2,5 metros de altura foi removido de seu sítio original por trezentos marinheiros e duzentos nativos com o auxílio de cordas e guindastes.
A proporção da cabeça para o torso é de aproximadamente 3:5. Originalmente o encaixe dos olhos fora preenchido com corais e obsidianas e o corpo pintado de branco e vermelho, todavia a sua pintura foi apagada pela água do oceano.
Seu dorso foi ricamente decorado com entalhes do homem-pássaro e remos cerimoniais. Estes detalhes fazem do Hoa Hakananai'a um moai especial e que pode representar o elo entre a antiga adoração aos ancestrais e novo culto ao homem-pássaro.
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De Orongo se avista os Motus, pequenas ilhotas (aquelas que eu pretendia ter ido de bote, mas o mar não deixou), que estão ligadas a lenda do homem pássaro. São 3 pequenas ilhas, Motu Nui (a maior, que na verdade é o cume de um vulcão que está abaixo do mar), Motu Kao Kao (a menor) e Motu Iti. Motu significa pedra em Rapa Nui.


Meio a meio

Muito vento

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Nos ilhotes era onde uma espécie de gaivota pascuense chamada “manutara” construía o seu ninho. Segundo a lenda, Hotu Matu'a era quem mandava os pássaros para lá, na primavera...
O culto ao homem-pássaro, celebrado anualmente, reconhecia o deus Hotu Matu'a e venerava a fertilidade representada pelo ovo da ave. A cerimônia consistia também na competição entre os chefes das distintas linhagens que disputavam o título de Tangata Manu (homem pássaro) entre si.
Jovens selecionados dos clãs deviam passar por muitos obstáculos como: descer de um penhasco com mais de 300 metros de altura, nadar quilômetros pelo mar infestado de tubarões, apanhar um ovo do ninho de tal ave migratória, nadar de volta à ilha, escalar o mesmo rochedo e, regressando com o ovo intacto, ainda tinha que ser o primeiro a apresentar o ovo aos anciões da tribo.
Então, o novo e sagrado homem-pássaro (o mais respeitado membro da comunidade), reinaria na ilha até a primavera seguinte. Pintado de branco e vermelho era coberto de regalias e obtinha privilégios econômicos para todo o seu grupo.
O ovo da vitória era colocado sobre a sua casa representando o “mana” que faria mais abundantes os escassos alimentos da ilha.
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Petroglifo


Ao fundo, petroglifos do Homem pássaro


De lá segui para o centro da Ilha, onde está o Ahu Akivi. Este grupo de moais é bem peculiar, é o único no centro da Ilha e o único voltado para o mar (todos os outros moais estão de costas para o mar). Segundo a tradição ele representa os 7 jovem desbravadores que primeiro chegaram a Ilha para fazer o reconhecimento, antes da vinda do rei Hotu Matu'a. Está astronomicamente orientado, seus moais olham diretamente para o por do sol durante os equinócios. Há quem diga que eles olham o mar com saudade de Hiva (a ilha de onde vieram os primeiros habitantes).




A viagem pelo interior da Ilha é bem interessante, pois se vai margeando as fazendas. Próxima parada: Puna Pau.
Puna Pau é um centro vulcânico, onde eram talhados os Pukao (chapéu avermelhado dos moais). Ainda hoje restam por lá cerca de 20 "pukao" enormes, muito maiores que os encontrados nos moais, pois eles só eram terminados no local de colocação no moai. Alguns desses "pukao" apresentam petroglifos de canoas e signos tribais. Pode-se ver por lá também a cratera de onde era retirado o material para os "pukao" e um mirante de onde se pode ver Hanga Roa, a vila.

Pukao

Subida para o mirante



Vista da vila

Fazendas

Mais Pukao

Vista de Puna Pau quase chegando no mirante

Trabalho de reflorestamento da CONAF

Feita a obrigação, "bora" pra praia, tarde de sol... Em Anakena, fui no vestiário trocar o bikine, 500 pesos pelo conforto de fazer isso num banheiro bem limpinho. Com vergonha de chegar na praia de bikine e botas, deixei elas no carro e fui descalça (esqueci meu chinelo na pousada), besteira, todo mundo chega de roupa e botas na areia. Aliás besteira mesmo, eu sem graça que meu biquine era o menor da praia, até que chega um casal de gringos (uns 60 anos) e simplesmente trocou de roupa do meu lado, ali na areia mesmo. Ele pelo menos usou uma toalhinha, rs. Ah, pelo menos o bikine dela era enorme, mas também, eu já tinha visto tudo...
A água linda, azul, transparente e... gelada, mas nada que a gente não acostume. Aliás a água aqui tem uma cor maravilhosa.
Fiquei lá, molhando e secando, até cansar.
Ahu Nau Nau

Ahu Nau Nau, na praia de Anakena

Ahu Ature Huki

Chegando na praia



Anakena

Anakena

Anakena

De volta a vila, dei uma paradinha pra fotografar um Ahu, que me chamou atenção pela história. Mais ou menos assim, sabe o moai que tava aqui? Pois é, tá num museu na Europa. è o Ahu O Rongo, era um centro cerimonial importante e um dos Ahu mais antigos, sobrou só a plataforma, o moai foi levado da ilha em 1935 e hoje está no Museu de Arte e História da Bélgica.


Ahu O Rongo
Já era fim de tarde quando parei pra almoçar, quase em frente a posada, no Hetú u. Foi caaaaro, mas não posso mentir, tava delicioso, peixe com molho de lulas e camarões e batata frita, um delicioso pisco sour.




De noite fui assistir outro show, Kari Kari, quase em frente a pousada. Bem legal, um pouco diferente do show de ontem, mais tradicional. Também custou 10000 pesos.






Depois do show o Álvaro (dono da pousada) me convidou pra uma cerveja, fomos ao Kaimana, onde ele me contou muitas histórias, e depois ao Marau, onde encontramos 3 amigos dele. Foi uma situação inusitada, porque eu era a única não Rapa Nui na mesa, uma noite muito divertida e agradável, só me arrependi de não ter tirado nenhuma foto.
De volta ao hostel, a missão era colocar tudo dentro da mala, mas até que foi fácil.